Se você sente arrepios quando ouve falar em botijão de gás, desarme-se. Embora quase todo o município do Rio de Janeiro e sua região metropolitana já contem com abastecimento de gás natural – o encanado, que chega direto ao fogão e ao aquecedor – o gás liquefeito de petróleo (GLP), aquele que conhecemos principalmente no botijão, pode ser uma alternativa segura, viável e barata. E muitos condomínios estão voltando a ele, principalmente por esse motivo.
Já em termos ambientais, o gás natural leva vantagem não só sobre o GLP como sobre outras fontes de energia. O motivo é que produz poucos resíduos tóxicos e atende à norma ISO 14000 (a que versa sobre meio ambiente), enquanto o GLP tem origem na queima do petróleo, energia considerada “suja”.
Não se trata de dizer qual das duas opções é a melhor. Isso depende do perfil de consumo do condomínio e do usuário. No condomínio Barrabella, na Barra da Tijuca, há dois anos e meio o abastecimento é feito meio a meio: o gás natural chega aos fogões, enquanto o GLP é armazenado numa central de gás, na parte externa do edifício. Ele é usado para aquecer duas caldeiras por onde passa a água que abastece todas as torneiras e os chuveiros das 80 unidades. Logo após a mudança, o valor da conta de gás do condomínio caiu para menos da metade (vale lembrar que o gás natural que abastece os fogões dos apartamentos é cobrado individualmente).
Os tanques do Barrabella são abastecidos quinzenalmente, de maneira pré-programada. Eles ficam numa área fechada, de acesso restrito, tanto para estarem protegidos de maresia e chuva quanto por questão de segurança. Equipamento e instalação foram feitos pela própria empresa que fornece o GLP ao condomínio, que só teve que arcar, na época, com a compra de quatro aquecedores (dois para cada caldeira).
Apesar de o GLP ser mais barato, a gerência de Relações Externas da CEG, empresa que distribui o gás natural no estado do Rio, aponta as vantagens do gás natural sobre o concorrente: libera espaço nas áreas comuns, porque dispensa o armazenamento de cilindros/tanques, evita a circulação de pessoas estranhas ao condomínio e facilita a gestão do síndico, que não precisa organizar a logística de reabastecimento. Segundo a empresa, o fornecimento é contínuo e a conta chega mensalmente a cada morador, pelo correio.
Ao perceber um vazamento, é preciso ventilar o ambiente e não acender luzes
As apresentações mais comuns do GLP são o botijão de 13 quilos, os cilindros de 45 quilos e os tanques, estes os mais comuns em condomínio e que têm abastecimento feito a granel. E, ao contrário do que muitos pensam, é possível faturar o consumo do gás de uma central individualmente – basta solicitar à empresa distribuidora medidores individuais para cada unidade. “Esse mito persiste, junto com o ‘botijão que explode'”, afirma Sérgio Bandeira de Mello, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).
Ah, o botijão que explode... Fonte de medo e/ou preconceito de 9,9 entre dez cariocas, Mello garante que ele é inocente. Afinal, o que causa explosão é escapamento de gás, não o recipiente no qual ele está armazenado. Portanto, independentemente do material usado em seu fogão ou aquecedor, todo cuidado é pouco. “Todos os combustíveis são perigosos. No caso de vazamento, o gás liquefeito de petróleo é mais pesado que o ar, por isso desce. Ele tem cheiro artificial por questão de segurança. Portanto, ao perceber um vazamento, é preciso ventilar o ambiente e não acender luzes”, recomenda.
Uma diferença básica entre os dois produtos é justo o posicionamento da ventilação. No caso do GLP, ela deve ser baixa (portas com aberturas, por exemplo), enquanto o gás natural, por ser mais leve que o ar, precisa de janelas sempre abertas. Tal característica torna o GN supostamente mais seguro, pois por ser mais volátil dissipa-se mais rapidamente. “No caso de um condomínio que opta pelo GLP numa central de gás, ventilação adequada e controle de acesso à central de gás são fundamentais. No mais, é seguir as instruções, como num elevador ou num carro, que, se mal utilizados, também podem causar acidentes sérios”, compara Mello.
Em termos de segurança, o gás natural não tem como ser adulterado. Volta e meia surgem denúncias de revendedores não autorizados que usam outros materiais, que não GLP, para abastecer os botijões. Mello, no entanto, garante que se o cliente comprar de um fornecedor de qualquer uma das oito distribuidoras cadastradas no Sindigás, não há o que temer. Deve-se, sim, fugir de revendedores piratas. E ainda mostra mais uma vantagem do GLP: a concorrência. “O síndico, se quiser, pode fazer uma licitação e obter um preço de fornecimento ainda menor. São mais de 1.500 distribuidores legalizados no estado”, diz.
Em ambos os casos, não há perda de produto para o consumidor. Pois se o gás natural chega diretamente da fornecedora pela tubulação, o condomínio que opta por uma central de gás é abastecido a granel. Não há sobras pagas e não utilizadas. No caso do botijão de 13 quilos ou dos cilindros, até ocorre alguma perda, mas é uma parcela mínima, segundo o presidente do Sindigás. “Num botijão isso fica em torno de cinco gramas. É como um tubo de pasta de dente, sobra apenas uma quantidade insignificante do total”, afirma.
Por que o GLP é mais barato?
Segundo Sérgio Bandeira de Mello, do Sindigás, o gás liquefeito de petróleo (GLP) tende a ser mais barato para o consumidor de pequeno porte porque o custo de seu transporte até os domicílios é mais baixo do que o do gás natural. A coisa mudaria de figura se fosse comum o uso de aquecedores de ambiente a gás, item dispensável num clima tropical como o nosso. Aí, sim, o gás natural sairia mais barato para o consumidor final.
“Na refinaria, o gás natural custa menos que o GLP, que leva vantagem no preço final por ser mais barato de transportar. Já a distribuidora de GN precisa remunerar o capital de uma enorme rede – tubulação e afins – com um consumo ‘baixo'. O usuário doméstico paga aproximadamente três vezes mais que uma CSN da vida pela unidade de medida do gás natural”, compara Mello.
Para uma família de cinco pessoas, a tarifa do GLP leva vantagem considerável na comparação, seja com o uso de chuveiro elétrico (opção mais pesada para o bolso) ou com o aquecedor de água a gás natural. Segundo a própria CEG, pelas tarifas de fevereiro de 2009, as tarifas do gás natural estavam 13% acima do concorrente, considerando um consumo de seis metros cúbicos, equivalente a um terço de um botijão. Sim, embora ambos sejam “gás”, o natural é medido em metros cúbicos, enquanto o volume de GLP é calculado em quilos, e um quilo de GLP equivale a cerca de 1,22 metro cúbico de gás natural. Mello completa informando que uma família que troca o chuveiro elétrico pela água aquecida por meio do GLP passa a economizar cerca de R$ 400 por ano.
Para saber mais
Caso queira conhecer melhor o GLP e gás natural, alguns links para sites na internet e telefones úteis.
http://www.sindigas.org.br/-> é o sindicato das empresas distribuidoras de gás liquefeito de petróleo. O site contém notícias, artigos, informações institucionais e, disponíveis para download, quatro cartilhas sobre questões frequentes relativas ao gás GLP.
http://www.ceg.com.br/ -> intitulado portal do gás natural, é um canal de contato com os clientes e contém notícias, local para emissão de segunda via de conta e outras informações.
Por telefone, a CEG tem uma Central de Atendimento (para orientação técnica e comercialização), pelo 08000 -247766, das 7h às 19h (de segunda a sexta-feira), e das 7h às 17h (aos sábados). Em caso de emergência, o 08000-240197 atende 24 horas, todos os dias. Há também o atendimento CEG Rio: 0800 2820205.
Fonte:http://www.condominioeetc.com.br/42/atualidade.shtml
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
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